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Novos negócios conectam cozinheiros com público que procura marmitas

Empresas miram número crescente de empreendedores que fazem comida em casa para vender

Caroline Domingues prepara marmita em sua casa, na zona leste de São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Danylo Martins, SÃO PAULO


O número de microeemprendedores individuais —MEIs, com faturamento de até R$ 81 mil ao ano— que preparam refeições entregues em domicílio cresceu 22,5% entre 2014 e 2017 segundo o Sebrae. De olho nesse público, surgem empresas que conectam, via aplicativo, pessoas que preparam marmitas em casa com quem as compra. Operando há seis meses, o aplicativo Eats for You conta com uma base de mais de 500 cozinheiros cadastrados. A startup, que hoje só tem profissionais que atuam na região de Alphaville, já começou testes na região da avenida Berrini, em São Paulo, e pretende ampliar a atuação até o fim do ano para esse e outros centros empresarias da cidade, como as avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima. O usuário do aplicativo escolhe o cardápio de uma cozinheira em sua região, define quantidade, forma de pagamento e tipo de entrega —pode receber em casa ou retirar em trailers da empresa— e acompanha pelo telefone o status do pedido. A Eats for You cuida da gestão, da logística e do marketing dos “tios e tias”, como são chamadas as pessoas que preparam comida caseira na plataforma, diz o presidente da empresa, Nelson Andreatta. “A ideia é transformar a cozinha das pessoas em um grande negócio”, diz Nelson. Os cozinheiros não pagam para vender pela plataforma, que lucra com uma taxa de 13% sobre o preço da marmita, embutida no valor pago pelo consumidor.

Neste primeiro ano, a projeção da startup é atingir um faturamento de R$ 500 mil. Mais antigo, o aplicativo Apptite, criado em 2016, tem em sua plataforma 400 cozinheiros amadores e profissionais, que atuam nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. “Hoje, temos chefs faturando R$ 25 mil por mês”, diz Guilherme Parente, presidente da startup.

O lucro da empresa, por sua vez, vem de uma taxa de 25% sobre o valor de cada prato. Em 2017, o Apptite teve receita de cerca de R$ 900 mil e a expectativa é fechar este ano com um faturamento de R$ 4,5 milhões. A mineira Cleonice de Oliveira, 50, mais conhecida como Cléo, foi a primeira cozinheira a se cadastrar no Eats for You, em março. Ela aprendeu a cozinhar com a avó, em Minas Gerais, e sempre trabalhou com comida. Aos 12 anos, cuidava de três crianças e cozinhava para toda uma família. Pegou gosto. “Foi com essa profissão que eu pude criar meus quatro filhos”, conta. Em São Paulo desde 1993, Cléo trabalhou como cozinheira em um restaurante em Alphaville até o ano passado, quando resolveu começar a trabalhar de casa. Pelo aplicativo, vende em torno de 30 marmitas por dia. Em paralelo, também atende clientes por conta própria na região de Alphaville e tem um faturamento médio mensal de R$ 9.000 com os negócios. Outra adepta do aplicativo é Magali Frige, 36, que vende marmitas desde 2010. Hoje, Magali fatura cerca de R$ 5.000 por mês e complementa a renda com a produção de doces caseiros, feitos sob encomenda. A vantagem de usar o aplicativo, diz, é que, como não precisa entregar as marmitas, ganha tempo para ficar com sua família e fazer doces.

Cozinhar de casa também é uma oportunidade para quem quer montar um negócio próprio. A engenheira de produção Caroline Domingues, 23, abriu com a irmã nutricionista Michelli, 25, a Sisters Fit, na zona leste de São Paulo. Michelli elabora o cardápio e Caroline, que cursa o último ano da faculdade, prepara as marmitas e se ocupa da gestão do negócio. Em períodos de maior demanda, as irmãs recebem a ajuda de dois amigos para fazer as entregas. A Sisters Fit, que opera há pouco mais de um ano, vende entre 80 e 100 refeições por semana. “Montamos a refeição conforme o plano alimentar da pessoa, passado por uma nutricionista. Mas também temos uma dieta para quem quer emagrecer, outra para pessoas que buscam reeducar a alimentação e uma para quem deseja ganhar peso”, diz. Segundo Karyna Muniz, consultora do Sebrae-SP, para se destacar nesse mercado, cada vez mais competitivo, é fundamental inovar na experiência de compra e de consumo dos produtos. Além do sabor e do respeito aos padrões de segurança alimentar, é importante pensar na parte visual do prato. “Não adianta ter um produto perfeito, com embalagem perfeita e a comida chegar toda bagunçada”, afirma. Daí o cuidado com a logística, que deve levar em conta como as marmitas serão entregues. “No caso de refeições congeladas, por exemplo, é preciso ter uma caixa térmita que preserve a temperatura dos alimentos”. Fonte:https://www1.folha.uol.com.br/amp/mpme/2018/10/novos-negocios-conectam-cozinheiros-com-publico-que-procura-marmitas.shtml


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